A morte é o limite inexorável do ser vigente. Para o homem, a sua ritualização é uma forma de traçar mapas de sobrevivência diante de uma condenação. Em "O Sétimo Selo", de Bergman, temos uma longa partida de xadrez, em que Antonius Block, o cavaleiro morto e esquecido, tenta negociação com a morte. Seu objetivo é seu castelo. Ele não aceita a derrota.

A partir da idéia de Bergman, que captou cenas de ex-votos pintados em madeira numa capela do século XIII, tentamos rearticular a vida destas personagens. Aqui, a Enviada, que representa a morte, está a serviço do grande Senhor, que é Deus.

Simbolicamente, contamos a história de mortos inconscientes, que se julgam vivos, mas que, na verdade, já estão no caminho da passagem pelo último portal. Vagam num mundo permeado de violência, incompreensão e despotismo. Arrastam-se em espaços fragmentários e tentam organizar o seu entendimento a partir da vida passada. (...)

Trecho de O limite do portal , de José Luiz Ribeiro (pág. 3).