“O jardim de cerejeiras” é a última peça de Anton Tchekhov, encenada por Stanislavski em 1904 – ano da morte do dramaturgo. Mas não é uma peça melancólica, e sim o rasga coração de um cerejal que nas palavras do próprio encenador, “cresce pela sua beleza, para os olhos de estetas mimados. Destruí-lo é uma pena, mas é preciso fazê-lo pois assim o exige a economia da vida”. Por isso Olga Obry e Pontes de Paula Lima, seus tradutores, substituíram o lacônico O cerejal pela visão do jardim, cuja função estética não se reduz ao enfeite desnecessário, nem ao proveito utilitarista, mas cumpre uma necessidade de absorção da seiva ancestral para que possa, então, cortar raízes, prosseguir sem aprisionamentos regressivos, mas com a presença da voz de todos os servos (almas vivas negociadas) que o cultivaram para seus senhores.
Por isto é o descendente de um deles o único capaz de tomar a si a tarefa de transformá-lo destruindo-o sem desalento, e com isto marcando um novo tempo a surgir. O tempo de “O jardim de cerejeiras” é um tempo transitivo, incompleto, ainda falsamente delineado. (...)
Trecho de
Autor: Anton Tchekhov
Ano: 1983
Elenco: José Renato Pippa (Lopakin), Gisela Barbosa (Daniacha), Felipe Soares (Epihódov), Vanja Franco de Batisti (Ania), Iêda Alcântara (Liubov), Valéria Veiga Penna (Vária), Alice Freesz (Carlota Ivanovna), Thadeu Evangelista (Gaiev), Carlos José dos Santos (Simeonov), Guy Schmidt (Iacha), Marcos Venício Cordeiro (Firs), Marcos Orione (Trofimov) e Evaristo de Castro (Caminhante)
Aderecistas: Rosângela Dilly, Regina Mello, Maria Teresa Carvalho, Mariles Reis, Ângela Loures e Reginaldo Neiva
Contra-Regra: João Ricardo Luz e Dilceu Adonis
Iluminotécnica: Osvaldo Alvarenga
Sonotécnica: Fátima Amorim
Figurino: Malu Ribeiro
Tradução: Francisco Pontes de Paula Lima
Cenário e Direção: José Luiz Ribeiro