Foto: Arquivos do GD / Marcus Leoni / Bruno Nogueira
Às vésperas da inauguração do Teatro Paschoal Carlos Magno em Juiz de Fora, José Luiz Ribeiro, Ismair Zaghetto e Toninho Dutra, três personagens reais e centrais nessa trama, dão o testemunho de uma saga que durou mais de trinta anos.
Rua Gilberto de Alencar, centro de Juiz de Fora. Palco de uma das mais longevas e agoniantes temporadas do teatro juiz-forano. Ali, numa caixa de concreto levantada há mais de trinta anos, habita um sonho: o de existir um teatro municipal e de nele ser vivida a arte de nomes locais e nacionais. Quatrocentos lugares vazios, luzes que não iluminaram, pessoas que não se apresentaram. Nada esteve em seu lugar. Tudo esteve perdido no tempo e virando poeira. Depois de anos de espera, a caixa de concreto vai se iluminar e promete ser um atrativo para trazer gente para o teatro. Antes de contarmos como tem sido feita a conclusão da obra, vamos tentar entender por meio de três figuras da cena cultural juiz-forana, o que se deu para que uma demanda dos anos 1970 só pudesse ser concluída na segunda metade dos anos 2010.
Começamos conversando com José Luiz Ribeiro, jornalista, professor e entre outras habilidades, diretor do Grupo Divulgação desde sua fundação em 1966. Foi por meio de José Luiz, que Paschoal Carlos Magno tomou conhecimento da cena teatral juiz-forana. “Em 1968, eu tive um problema de úlcera, e uma aluna do curso de Comunicação da UFJF, fez para o “Jornal de Estudo”, uma entrevista comigo e era [assim] a reportagem: “Zé Luiz tem uma úlcera no grande amor pelo teatro”, e contava a minha história. Um dia, eu já estava casado, chego em casa e tinha uma carta do Paschoal. Nessa carta ele se apresentava, dizia quem era, que tinha vontade de nos conhecer, e pediu para que a gente procurasse ele. Eu o procurei. A primeira peça que ele vê da gente é Maria Stuart e ele nos acolhe de uma maneira muito rica. A partir daí, o Paschoal jogou uma luz em cima do nosso trabalho.” Conta, emocionado.
José Luiz relembra também a amizade construída com Paschoal: “A gente passou a ter uma relação de muita amizade. Ele almoçava na minha casa, roubava as peles dos frangos que não podia comer por conta de seu colesterol, mas que adorava roubar. Depois em 1974, vem a Barca da Cultura e a gente estreitou os laços de uma maneira muito forte, porque pessoalmente, eu sempre tive uma coisa de querer ouvir para aprender, então ele contava as histórias.”
Foto: Arquivos do GD
E se recorda, feliz, dos tempos da Barca da Cultura, movimento liderado por Paschoal, em 1974, em que o Divulgação fez parte. O convite foi feito por conta da admiração de Paschoal pelo trabalho proposto pelo grupo juiz-forano. “Quando o Paschoal conhece o Divulgação ele fica muito apaixonado. Em 1973, a gente tinha ganho os prêmios todos em um festival que a gente foi, estava por cima da carne seca. O pessoal do Dulcina queria nos levar para fazer uma temporada lá. Mas aí acontece o grande conflito que o Divulgação tem: a gente não sabia se profissionalizava ou não. E foi uma grande dificuldade de comunicação na época da Barca, porque para falar no telefone, tinha que entrar naquele lugar para fazer a ligação. A Malu enlouquecia porque eu não dava notícia, ela não foi porque estava grávida do Federico.”
José Luiz explica como funcionava a temporada vivida na Barca da Cultura: “Normalmente a barca chegava de manhã, como se o circo chegasse na cidade. Nós fomos com peça “Cancioneiro de Lampião” e com dois espetáculos de fantoche: “Mariquita dos girassóis” e “O anjinho siriri contra um foguete muito louco”. A gente almoçava e via alguma coisa que acontecia na cidade, e de noite tinha um grande espetáculo. Ia encostando em cada cidade até Juazeiro do Norte. Em Juazeiro, largamos a barca e fomos de ônibus. As apresentações eram em cima do ônibus, ou onde pudesse ser feito. Isso foi até Belém do Pará. Aí houve uma cisão e nós voltamos de Teresina. Alguns foram. Foi uma coisa enlouquecedora.”
Mas, afinal, quem era Paschoal Carlos Magno? “Um grande incentivador do teatro. Ele, como embaixador, vai para Londres, e depois de ver em Londres como os estudantes montavam as peças de Shakespeare e outros clássicos, ele traz a ideia fundando o Teatro de Estudante do Brasil” contextualiza o dramaturgo e diretor da companhia responsável por trazer Paschoal à Juiz de Fora.
Foto: Arquivos do GD
Em 1979, a Aldeia de Arcozelo passava por sérios problemas de manutenção. Num ato de desespero teatral, Paschoal ameaça incendiar o espaço cultural, já que havia total descaso do governo com a arte e a cultura. A mídia foi incendiada e o rastilho de pólvora tocou grupos teatrais de estudantes brasileiros fazendo campanhas para recolher ajuda financeira em benefício de Arcozelo. O Grupo Divulgação entrou na campanha e fez uma apresentação especial de Nem tudo está azul no país azul, de Gabriela Rabelo. O público ocorreu ao Forum da Cultura e na plateia, além de Paschoal, estava o prefeito Francisco Antônio de Mello Reis, que sempre prestigiou o Divulgação. “O Paschoal quando chega a Juiz de Fora convence o prefeito Mello Reis e o faz prometer que faria um Teatro Municipal em Juiz de Fora. Mello Reis prometeu aqui, no Forum da Cultura, publicamente, a construção de um teatro municipal. A classe teatral queria também naquele momento um espaço que não fosse italiano. Começou a ser construído na administração do Mello”. Começa então a via crucis do espaço. Quando o projeto é aprovado, aparecem muitas oposições.
Nessa mesma época, na administração de Mello Reis, o professor Ismair Zaghetto era superintendente da Funalfa e acompanhou todo o processo. “Paschoal acabou vindo assistir ao espetáculo do Grupo Divulgação e o Mello Reis, que era o prefeito recém-empossado, justificando para ele a precariedade de espaços culturais naquele momento, falou: ‘lamento não ter um espaço municipal aqui em Juiz de Fora, mas eu vou construir um teatro, vou dar o seu nome ao teatro’. E assim fez. A prefeitura desapropriou um terreno na rua Gilberto de Alencar, onde o teatro está lá. Acredito que esteja próximo da inauguração. Eu soube que está pronto há duzentos anos mas nunca que inaugura, sabe? Que bom que alguém que.. que o prefeito [Bruno Siqueira] se interessou por acabar [a obra]! Está parada há 35 anos!”
Foto: Arquivos do GD
Ismair relembra o motivo que trouxe Paschoal a Juiz de Fora: “José Luiz Ribeiro tem uma importância muito grande nessa relação do Paschoal com Juiz de Fora. Aliás, o Paschoal conheceu Juiz de Fora através do José Luiz. Ele viu, não sei como, uns escritos de um jornal da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, então ele ficou sabendo do trabalho do [Grupo] Divulgação, e escreveu uma carta para o José Luiz, porque queria conhecê-lo. Se encontraram e ele se encantou com o trabalho do grupo. Paschoal teve uma importância, digamos assim, emotiva e até espiritual na vida do próprio Grupo Divulgação.”
Ismair relata também que, um dos fatores que contribuíram para a não-conclusão da obra ainda naquela época, foi uma fenda geológica: “O projeto do teatro é extraordinário, ele era brilhante. Um projeto fantástico do arquiteto Stephan Eleuteríades. Mas quando você vai projetar uma obra, você faz o que os engenheiros chamam de sondagem do terreno. A sondagem verifica a qualidade, a solidez do terreno. Num desses azares incríveis que acontece com qualquer coisa da vida, toda a sondagem do terreno não detectou nenhuma possibilidade de qualquer evento que pudesse comprometer a estrutura.”
Mas como os mais cruéis e imprevistos destinos de uma boa tragédia grega, o pior aconteceu. Ismair prossegue a triste narrativa: “Mas o azar dos azares, aquele terreno tinha uma fenda geológica, não detectada na sondagem. Quando bateu nessa fenda, ninguém segurou mais o terreno. Escorreu e foi escorrendo, foi de tal forma, tão terrível, que começou a afetar, começou a descer as casas dos vizinhos ali do lado. Foi uma tragédia! A sala do superintendente da Funalfa era exatamente na frente da rua, bem pertinho de onde o teatro ia ser construído. Lembro da minha secretária, Diva Cabral, hoje falecida, falando comigo assim: ‘Professor, qualquer hora o senhor vai ver a Academia [de Comércio - localizada mais acima] passar por aqui!’”, desabafa.
Segundo Ismair, todo o orçamento adquirido para a construção do teatro teve que ser utilizado para a contenção do estrago: “Todo o orçamento destinado ao teatro teve que ser utilizado em deter aquilo. Recorreremos a uma - qualquer dia vou à Funalfa fazer uma pesquisa sobre o nome dela, não me lembro agora - Doutora Terezinha que era a maior expressão da geologia no Brasil - O Rio de Janeiro teve um problema com pedras que rolavam e essa mulher ganhou uma certa notoriedade porque ela resolveu esse problema lá - Então a prefeitura recorreu à ela e ela veio e fez um projeto de estancar - nós que tínhamos um projeto de fazer um teatro, tivemos que promover um projeto para estancar aquele corrimento geológico.”
Passada a administração de Francisco Antônio de Mello Reis (ARENA, 1977-1983), Juiz de Fora contou com as administrações de Tarcísio Delgado (PMDB, 1983-1988 e 1997 - 2000 e 2001- 2004); Carlos Alberto Bejani (PRN - PTB, 1989 -1992 e 2005 -2008); Custódio Mattos (PSDB, 1993-1996 e 2009 -2012); José Eduardo Araújo (PR -2008); Bruno Siqueira (PMDB, 2013- 2016 e 2017 até o momento). No princípio dos anos 80, a classe teatral local era marcada por diferentes preferências estéticas, o que não reforçou o movimento para a construção do teatro municipal, uma vez que muitos queriam um espaço alternativo ao palco italiano. Nessa luta, José Luiz Ribeiro procurou o então prefeito Tarcísio Delgado, que reafirmou o interesse maior de sua administração pelo Theatro Central.
Foto: Marina Metri
Toninho Dutra, superintendente da Funalfa durante a segunda administração do prefeito Custódio Mattos (PSDB) e a primeira de Bruno Siqueira (PMDB) foi peça fundamental na retomada da obra. “Houve o convite do Custódio para que eu permanecesse no governo de quatro anos e aí uma das coisas que eu falei de imediato com ele era a possibilidade de retomada dessa obra [do Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno] e de início ele não gostou muito e falou: ‘ah, todo mundo já tentou isso e não conseguiu, mas tudo bem! ’ E ainda brincou: ‘se você conseguir, a gente faz uma estátua para você em praça pública! Mas eu não acredito muito.’ Enfim, a primeira coisa que a gente tentou fazer foi verificar se havia ainda viabilidade técnica para que, aquele espaço, trinta anos parado, já na década dos anos 10 do ano 2000, pudesse ainda ser um teatro, se era viável ou se ele já estava superado em espaço físico, e se existia viabilidade também de retomada da obra enquanto estrutura.” Conta, hoje, vitorioso. “A gente, durante o governo do Custódio [Mattos], de várias formas, obteve recurso para a retomada dessa obra. Ganhamos duas emendas [dos deputados federais à época], uma do Júlio Delgado (PSB) e do Paulo Delgado (PT) que na realidade ela não concretizou por interferência direta dos técnicos do Ministério da Cultura, em Brasília. E isso foi claramente informado para nós. Mais tarde, depois do período do primeiro governo do Lula [Luís Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil entre 2003 e 2010], a gente aprovou o projeto na Lei Rouanet. Mas também não conseguimos captar. Ficamos batendo na trave várias vezes com a questão da possibilidade de reconstruir o teatro e começou mais uma vez aquela história: “mais uma vez isso não vai dar em nada”. E, no início do governo do prefeito Bruno [Siqueira - PMDB, em 2013], ele também se mostrou um pouco resistente, porque os recursos estavam começando a se esgotar e começávamos a viver esse momento péssimo que nós estamos vivendo agora. A gente vivia uma curva em declínio, em termos recursos públicos e dos repasses de recursos das esferas federal e estadual para o município. Então, ele tinha prioridades, dentre as quais o teatro não estava colocada.”
Mas quando isso passou a ser uma prioridade?
“Na época, a gente conheceu o Robson, que era um arquiteto de teatro, que já está aposentado e ele nos deu um suporte incrível para que a gente pudesse trazê-lo duas vezes à Juiz de Fora, para que ele fizesse uma visita técnica, e os dois pareceres foram favoráveis: o parecer de estrutura, a obra não tinha nenhum dano estrutural, apesar de estar quase trinta anos parada. Nessa época, a secretária da Cultura do Estado visita Juiz de Fora e numa dessas visitas ela disse: ‘a gente tem que conversar sobre isso, sobre o quanto vocês acham que precisa para o término desse teatro? ‘ E, na época, esse recurso girava em torno de uns cinco milhões de reais. No final da conversa, o Bruno virou para mim e falou: ‘Toninho, você tem certeza dessa informação que você passou?‘ E eu: ‘Tenho, Bruno, foi levantado, foi orçado várias vezes…’ E o Bruno: ‘Então eu quero que você verifique e a gente vai voltar a conversar sobre isso.’ Naquele momento, a minha fala convenceu o Bruno da possibilidade de a gente retomar esse teatro.”
E prossegue a narrativa: “O Bruno, no momento em que o Anastasia deixa o Governo do Estado e o Alberto Pinto Pinheiro assume, ele [Bruno] faz um pedido ao Alberto Pinto Pinheiro para que marcasse a passagem de seis meses dele pelo Governo de Minas por Juiz de Fora e solicita que ele desse o recurso para a construção do teatro. Acaba que há uma concordância e a gente tem que enviar o projeto. E resolve-se que isso vai ser feito pela Codemig [Companhia de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais].”
A partir daí, conta Toninho, que o pulo do gato foi estar com os projetos todos prontos. O próximo passo foi o envio de ao menos três cópias dos projetos plotados para angariar os recursos em Belo Horizonte. Durante as trocas de governos, os projetos se perdiam entre os documentos e a saga continuava. Posteriormente, a vinda do presidente da Codemig à Juiz de Fora é um passo importante, mas não foi fácil convencê-lo da importância da obra, como relata Toninho Dutra: “Quando chegou no teatro ele falou assim: ‘Isso aqui não é pra construir, nós não vamos construir, isso aqui é um absurdo, não tem estacionamento, não tem nada!’ Aí eu pensei: ‘pronto, perdemos tudo de novo, fomos pro chão.’ Aí começa a jogar papel pro alto. (…) E aí eu falei: ‘Doutor, o senhor pode chegar aqui fora?’ E ele: ‘Eu posso chegar, posso ir onde você quiser, o que que você quer?’ E eu: ‘Tem como o senhor me acompanhar num passeio à pé pelo centro da cidade?’ e ele: ‘Posso, eu ando a pé, eu sou da roça!’ (…) E aí eu levei ele ao [Cine Theatro] Central, e disse: ‘Doutor, esse aqui é um teatro de quase dois mil lugares que às vezes lota duas, três vezes por semana com atividades de toda ordem, desde atividades artísticas e formatura, enfim, e ele também não tem estacionamento e funciona muito bem.’ E completou em relação ao Paschoal: “olha, não tem estacionamento, mas aqui na frente, nós temos o estacionamento da Igreja São Sebastião, aqui do lado, na Rua Halfeld, nós temos um estacionamento particular, e aqui do lado, na Marechal, nós temos dois estacionamentos particulares. Então, a gente tem um perímetro cercado de estacionamentos particulares que podem atender ao teatro e, além do mais, essas ruas comerciais no final de semana, que é quando você vai ter a maior concentração de uso do teatro, estão praticamente desocupadas, elas servem também de estacionamento. E outra coisa que eu queria dizer ao senhor, é que ali é a Rio Branco, é o principal fluxo de trânsito da cidade e as pessoas têm acesso fácil à ônibus e táxis!” Aí ele abrandou: ‘mas vocês têm aqui uma esplanada de circulação de pedestres’. Ao invés de continuar malhando a cidade, ele reverteu a situação. E falou: ‘Isso realmente modifica toda a situação…’.”
Posteriormente à visita do presidente da Codemig, uma assembléia com artistas da cidade foi marcada. Toninho ressaltou: “E ele [Marco Antônio] falou: ‘Nós vamos fazer o seguinte, eu vou mandar um assessor meu, você vai marcar um dia, vai convidar toda a classe artística da cidade e se isso não for uma coisa da sua cabeça, se a classe artística disser sim, que essa é uma necessidade da cidade, e que a cidade realmente demanda isso, a gente vai concluir esse teatro’. E eles deram mais uma vez o testemunho da importância do teatro para a cultura local e os recursos puderam enfim ser assegurados para a retomada das obras que têm previsão de inauguração em dezembro de 2017.
Toninho relembra: “Marcamos essa assembleia no Centro Cultural Dnar Rocha, na época a Marcinha [Falabella, integrante do Grupo Divulgação que estava, em parte, presente] teve uma fala muito importante, muito significativa e emblemática, fez um histórico muito sintético, mas muito eficaz do que estava acontecendo naquele momento, de uma necessidade há quatro décadas atrás, porque quando o teatro inicia essa obra há trinta anos atrás, ele já vinha sendo solicitado como uma demanda da classe artística. Hoje você não tem nenhum teatro público aberto no centro da cidade.”
Com orgulho, Toninho, sem modéstia, sabe de sua importância para a conclusão dessa obra: “Isso tudo foi relatado, a expectativa, o desejo, a necessidade, por diversos artistas. Não teve ninguém que falou contra. E o assessor do doutor Marco Antônio, que veio à Juiz de Fora, falou: ‘Olha, se você precisar de um aliado, pode contar comigo. Agora você tem um aliado dentro da Codemig. Eu estou plenamente convencido de que essa não é uma coisa como o doutor Marco Antônio disse, da sua cabeça, que é uma necessidade, um apontamento, uma demanda da cidade. E nós vamos trabalhar para te ajudar nesse processo’. Assim, com muito trabalho, com muita procura, muitos links necessários na rede de relações de diversas pessoas, conseguimos emplacar a aprovação desse projeto em 10 de julho de 2015; a gente lança a reabertura da obra, que era para ter sido entregue no ano passado, mas com essa questão da licitação, do repasse dos recursos públicos, a obra agora está em fase final de conclusão, de fato. “
Foto: Marina Metri
Professor Ismair, como é para o senhor que viveu a construção de um sonho, passou pela frustração de não vê-lo pronto e agora está prestes a ser inaugurado?
“Eu confesso pra você que estou bastante sensibilizado com o prefeito Bruno Siqueira. Estou muito feliz com essa possibilidade de ver o teatro concluído depois de viver aquele momento tão difícil. Infelizmente, faz parte da cultura brasileira um administrador não dar continuidade ao projeto do antecessor. Mello Reis morreu com essa amargura! Ele morreu em 24 de novembro de 2010 com essa amargura de não ter acabado o teatro e de, 35 anos depois, nenhum prefeito ter concluído. O Bruno, ainda que seja com o dinheiro do Estado e por isso o atraso para a entrega do teatro, teve essa sensibilidade de correr atrás. Por isso eu o cumprimentei. Fiz uma visita para cumprimentá-lo exatamente por isso. Quando ele reiniciou as obras, fez questão que eu estivesse presente, eu e a viúva do Mello, a Vera Mello Reis.”
Contente com a retomada da obra, José Luiz Ribeiro sente falta de uma figura como a de Paschoal e acredita que o novo teatro pode reunir a classe artística juiz-forana para que despertem nas pessoas o interesse pelo teatro. “Eu acho que o Paschoal era um visionário e apostava no teatro naquilo que o Jean-Louis Barrault falava: ‘o teatro foi feito para unir as pessoas e não para separar’. “
Nós entramos em contato com a atual administração da Funalfa para obter informações sobre data de inauguração, programações, como foi a execução e finalização do projeto, mas até o fechamento desta reportagem, não obtivemos êxito.
Victor Dousseau