O teatro é um porto seguro de onde partem as naus da aventura e da esperança. A ação cênica permite visualizar os caminhos que a literatura nos propõe a imaginar. “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, ergue um painel a partir da figura de Dante, um homem-síntese do mundo medieval. Um mundo configurado não mais como uma plataforma cercada de mares, mas um globo de dois hemisférios: um de superfície sólida e outro preenchido pela superfície marinha tendo ao centro a montanha do purgatório.

Este globo fixo tinha a sua volta satélites e planetas circulando em sua órbita e no alto o céu de estrelas fixas. Neste universo cheio de crenças dogmáticas nasce o cenário para a viagem de Dante, conduzido por Virgílio, o poeta latino, para conhecer o limbo, onde os não batizados habitavam, o inferno e o purgatório.

Beatriz, a amada de Dante, pura e bela, convence o poeta a encetar esta viagem para, diante dos horrores das penas infringidas aos pecadores, encontrar o caminho do arrependimento e da salvação. (...)

Trecho de D'antes e Depois, de José Luiz Ribeiro (pág. 3).