Seja qual for o modo como aparecem na sua obra, as personagens de Camus procedem todas de um pensamento comum, alternativamente ilustrado pelo teatro e pela narrativa. Mas ao passo que o tempo romanesco arruma a lenta irrupção do absurdo, da revolta ou da culpabilidade na vida cotidiana de cada um deles, a duração teatral surpreendo o herói perto do seu fim, faz-nos ouvir num único grito toda a ambiguidade da sua natureza. Provenha da Lenda, do mito ou da história, o herói teatral avança para a própria morte através da sua exigência do absoluto, como Calígula, do drama do mal-entendido, como Marta, da paixão da justiça, como Kalyayev, vítimas do mecanismo de uma lógica exasperada que confere grandeza à sua condição. Vê-se bem como Camus devia satisfazer, no teatro, a sua predileção pela individualidade poderosa, tão bem revelada na energia da personagem, na sua estatura moral, no seu gesto, quanto na violência de um conflito inelutável - ao passo que a tentação de apagamento – na pessoa de um Meursault, de um Grand, de um Clamence - havia de aparecer de preferência nas suas narrativas.
Trecho de
Autor: Albert Camus
Ano: 1976
Elenco: José Renato Pipa (Lúcio), Robson Terra (Senectus), Eduardo Arbex (Merêa), Alberto Coura (Lépido), Cléber Ambrósio (Otávio), Carlos Salazar (Múcio), José Mourão Villani (Patricius), João Tavares (Cássio), Sérgio Arcuri (Kerêa), Jairo Radhar Schimdt (Hélicon), Luiz Marcos Sinhoroto (Scipião), Sandra Emília (Cesônia), José Luiz (Calígula) e Virgínia Paes (Mulher de Múcio)
Sonotécnica: Berenice Pinheiro de Paula
Iluminotécnica: Virgínia Arbex
Figurino: Malu Ribeiro
Calçados: Moacyr Girardi de Paula
Cenografia: Equipe Divulgação
Tradução: Maria da Saudade Cortesão
Programação Visual: José Alberto Pinho Neves
Direção: José Luiz Ribeiro