O bairro de Botanágua existiu em Juiz de Fora e ocupava o espaço que ia da Estrada de Ferro Leopoldina e terminava na fazenda de Delfino da Costa Carvalho, ladeando a margem esquerda do rio Paraibuna.

Contam os antigos que esta várzea era habitada por malfeitores que faziam do latrocínio sua forma de viver. Depois de assinar os incautos passantes os ladrões indagavam o que fazer com o corpo da vítima. A resposta era prática: bota n’água.

Este é o mote que serve de fundo para uma comédia de costumes que ultrapassa ao simples divertimento para se tornar um instrumento de reflexão. ͞Botanágua͟ é a radiografia de um momento social brasileiro. É, também, um retrato do comportamento de pessoas comuns que ouviram falar sobre o Brasil como o país do futuro. Um futuro que é sempre adiado por sucessivas ondas de buracos negros que adia os tempos de felicidade. (...)

Trecho de As razões do Botanágua, de José Luiz Ribeiro (pág. 3).